O servidor Clebson Ferreira de Paula Vieira, do Ministério da Justiça, afirmou nesta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que recebeu ordens, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), para elaborar análises que vinculassem o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a organizações criminosas. O depoimento foi dado no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Segundo Clebson, que atuava como analista de inteligência na Coordenação-Geral de Inteligência da pasta, a ordem era para produzir uma “correlação estatística” entre os votos recebidos por Lula e áreas dominadas pelo Comando Vermelho, especialmente no Rio de Janeiro. “Havia chegado um pedido para verificar se havia correlação entre votos no candidato Lula e regiões sob controle de facções criminosas”, relatou.
O servidor declarou que considerou a solicitação atípica e que chegou a comentar o caso com a então esposa, Camila, por achar que se tratava de uma movimentação com viés político. Ele também contou ter sido orientado a produzir relatórios estatísticos envolvendo segurança nas eleições e registros de violência ligados às urnas.
O depoimento de Clebson ocorre no início da fase de oitivas das testemunhas de acusação e defesa nos núcleos 2, 3 e 4 do inquérito do STF sobre a tentativa de golpe. Os depoimentos seguem até o dia 23 de julho, todos por videoconferência, em sessões fechadas à imprensa, com gravações feitas exclusivamente pela Corte.
Entre as testemunhas estão políticos como os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Rogério Marinho (PL-RN), Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o tenente-coronel Mauro Cid.
Os réus dos três núcleos incluem militares de alta patente, ex-assessores da Presidência e ex-diretores de órgãos de segurança, como Silvinei Vasques, ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal. Todos respondem por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e deterioração de patrimônio público.
Fonte: CNN Brasil