O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante entrevista à RedeTV!, nesta quarta-feira (3/9). Para Haddad, caiu por terra a tentativa de apresentar Tarcísio como uma figura política de centro. “Rasgou-se a fantasia. Todo mundo quer apresentá-lo como uma pessoa de centro, de que não era um bolsonarista. Eu estava contando os dias para isso ser desmentido”, afirmou.
A declaração vem no contexto das articulações de Tarcísio a favor do Projeto de Lei da Anistia, que pretende perdoar envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. O projeto, que conta com o apoio de partidos conservadores do Centrão, pode até beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Haddad reforçou que a atuação de Tarcísio no governo Bolsonaro como ministro da Infraestrutura e sua eleição com apoio direto do ex-presidente provam seu alinhamento político. “Quando o presidente Lula falou que o Tarcísio não existe sem o Bolsonaro, não é para ofendê-lo, é um fato”, declarou.
O ministro também expressou preocupação com a estabilidade democrática, afirmando que há sinais de ameaça institucional quando autoridades relativizam os ataques às instituições. “Você vê o governador de São Paulo falando que não confia nas instituições, que tem que perdoar quem tentou um golpe de Estado”, criticou.
Haddad apontou ainda o apoio de partidos ultraconservadores à proposta de anistia como parte de uma estratégia para reescrever os eventos de 8 de Janeiro sob uma narrativa mais permissiva. “A impressão que dá é que, mesmo com delações e confissões, uma parcela da população entende que aquilo foi legítimo”, lamentou.
Ao ser questionado sobre o julgamento de Bolsonaro, Haddad disse não acompanhar de perto por falta de tempo, mas aproveitou para fazer um contraponto entre a situação do ex-presidente e a de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi preso em 2018.
Segundo Haddad, Lula não buscou anistia nem favores, mas confiou no Estado de Direito. “Ele me pediu para reforçar a mensagem de que não esperava outra coisa da Justiça senão o reconhecimento de que o Ministério Público do Paraná e o ex-juiz Sérgio Moro tramaram contra ele”, afirmou.