“Careca do INSS” diz que fortuna vem de “prosperidade” e nega fraudes em depoimento à CPMI

O empresário e lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, afirmou nesta quinta-feira (25/9) que seu patrimônio milionário e o crescimento de suas empresas são frutos de “prosperidade” e “trabalho honesto”. A declaração foi feita durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o escândalo de descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões.

“Eu tenho empresa nos Estados Unidos, na Colômbia e em Portugal. Sou um empresário da iniciativa privada próspero, que, na minha ótica, foi com muito trabalho, muita dignidade no que eu faço. Se eu não tivesse o caráter da verdade, eu não estaria aqui”, disse aos parlamentares, ao ser questionado sobre seus bens de luxo e o controle de 22 empresas.

Antunes é apontado como principal operador de um esquema que desviou milhões de reais de aposentados e pensionistas, conforme revelado por uma série de reportagens do portal Metrópoles, iniciada em dezembro de 2023. As denúncias levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e investigações da Controladoria-Geral da União (CGU), resultando na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril. A operação culminou nas demissões do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Mesmo preso desde 12 de setembro na sede da PF, Antunes nega as acusações e classificou as reportagens como “fake news” e “enredo fantasioso”. Ele é investigado por supostamente chefiar um esquema que envolvia repasses milionários, corrupção de servidores do INSS, lavagem de dinheiro e transferências de carros de luxo a parentes de ex-diretores. A PF estima que ele tenha recebido R$ 30 milhões de entidades ligadas à fraude.

Segundo as investigações, o “Careca do INSS” controlava call centers responsáveis por captar associados para entidades de classe e, por contrato, lucrava até 27,5% sobre os descontos aplicados aos novos filiados. Ao menos oito dessas entidades deram a ele procurações para atuar em seus nomes.

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