Durante o Fórum de Líderes Locais da COP30, no Rio de Janeiro, o Consórcio Nordeste e o Instituto Clima e Sociedade (iCS) apresentaram à imprensa o recém-criado Fórum Interinstitucional de Powershoring. A iniciativa é uma plataforma permanente de governança colaborativa destinada a fomentar a atração de indústrias de baixo carbono para a região Nordeste do Brasil, visando uma transição justa, inclusiva e sustentável.
Nordeste vê no Powershoring chance de desenvolvimento e melhoria social
Na abertura da coletiva, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, afirmou que o Fórum Interinstitucional de Powershoring foi criado para transformar a vantagem competitiva do Nordeste, proveniente da incidência solar e dos fortes ventos, em desenvolvimento econômico e social, e que a região não perderá essa oportunidade de se industrializar e gerar empregos dignos para a população.
“Estamos tratando aqui de um tema que diz respeito ao presente e ao futuro econômico e social da nossa região: a economia verde, a industrialização verde e a nossa posição de liderança global nesse processo. O Nordeste concentra 70% da geração solar e eólica do país e o Powershoring nos permite sonhar com uma neoindustrialização sustentável. Nós não queremos mais ficar apenas na exportação de energia, nós queremos atrair indústrias e investimentos que gerem empregos diversos e qualificados, e mais qualidade de vida para o nosso povo”, afirmou Fátima Bezerra.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, ressaltou que a atual liderança do Nordeste em energia renovável é fruto de uma decisão política anterior dos governadores, que viram nos problemas do clima nordestino uma grande oportunidade de desenvolvimento. Ele completou que atualmente a questão não é produzir mais e sim como consumir o que a região tem o potencial de produzir.
“O desafio do Nordeste é ter carga consumidora. O que para alguns estados pode ser um problema, para nós do Nordeste pode ser uma solução. Quanto mais energia um data center consumir, melhor para o Nordeste é, porque o que nós temos de sobra é energia para funcionar”, apontou Elmano Freitas.

Ele explicou que a região está preparada para expandir seu parque industrial verde, com inovação, desenvolvimento de tecnologias e geração de empregos de maior renda. Ressaltou também que os governos estão investindo fortemente em educação e estão em constante diálogo com os entes federais e o setor privado.
Estrutura e ação: o papel do Fórum
A diretora do iCS, Thais Ferraz, explicou que o Fórum Interinstitucional de Powershoring “possui cinco eixos estratégicos: infraestrutura logística; indústrias estratégicas e atração de investimentos; cadeia de valor, agricultura local e política industrial verde; financiamento e mecanismos econômicos; e capacitação e empregos verdes.”
E atuará na articulação de:
Governos Estaduais para alinhar políticas públicas.
Governo Federal para tratar questões regulatórias e de investimentos (como leilões de transmissão).
Setor Privado e Financiadores para garantir capital e expertise.
Academia e Sociedade Civil para fomentar inovação e assegurar uma transição justa.
O chefe de Gabinete do Consórcio Nordeste, Glauber Piva, adiantou que durante a COP30, no dia 11 de novembro, às 10h, será realizada uma mesa sobre Powershoring com a participação de cinco governadores do Nordeste. “Nós temos várias reuniões bilaterais já marcadas com indústrias e potenciais investidores querendo conhecer melhor a iniciativa do Fórum”, completou, destacando que a interinstitucionalidade dá mais segurança para diversos tipos de acordos.
A iniciativa do Consórcio Nordeste e o iCS consolida o Nordeste como uma região organizada e pronta para liderar a transformação ecológica do Brasil, posicionando-se como destino global para investimentos em indústrias de baixo carbono.
Defesa do Nordeste na COP30
A atuação dos governadores do Nordeste na COP30 será unificada. Um dos temas centrais será a defesa do bioma Caatinga, único e exclusivamente brasileiro, que vem sofrendo com o desmatamento e a desertificação. A proposta é a criação de um fundo de financiamento específico para sua pesquisa e preservação. Além disso, a região espera que os países tomem a decisão de destinar recursos efetivos para políticas compensatórias pelo bem-estar do planeta, especialmente para as nações menos desenvolvidas e com menor responsabilidade histórica na crise climática.
Fonte: Secom RN