Fenaj e SJPDF denunciam agressões e censura contra jornalistas na Câmara

 

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) divulgaram, nesta terça-feira (9), uma nota de repúdio após episódios de agressão a profissionais de imprensa dentro da Câmara dos Deputados. A confusão ocorreu logo após o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupar a cadeira da presidência da Casa em protesto.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram policiais legislativos retirando jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas aos empurrões do plenário. Além da ação física, o sinal da TV Câmara — responsável pela transmissão pública das atividades legislativas — foi interrompido exatamente no momento em que os agentes de segurança entraram no local.

Entidades responsabilizam a presidência da Câmara

Na nota conjunta, a Fenaj e o SJPDF afirmam que a retirada forçada dos profissionais de imprensa ocorreu por orientação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). As entidades denunciam que jornalistas e equipes de comunicação foram impedidos de registrar e transmitir o que acontecia em plenário, classificando o episódio como um “grave atentado à liberdade de imprensa e ao direito à informação”.

Segundo os sindicatos, diversos profissionais relataram agressões cometidas por policiais legislativos durante a confusão. A interrupção da transmissão da TV Câmara também foi criticada por representar, segundo as entidades, um ato de censura e de violação ao papel da tevê pública.

Contexto do protesto e da crise política

A tensão teve início após o anúncio, por parte do presidente Hugo Motta, de que o processo de cassação do mandato de Glauber Braga seria levado ao plenário. O deputado é acusado de agredir um manifestante de direita dentro da Casa. A Comissão de Ética já havia aprovado a cassação.

Glauber Braga também protesta contra a tramitação de um projeto que busca reduzir penas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outros condenados por participação na tentativa de golpe de Estado e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. O parlamentar afirma ser vítima de perseguição política após denunciar o orçamento secreto e supostos abusos cometidos pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira.

Entidades falam em “retrocesso autoritário”

Para a Fenaj e o SJPDF, o episódio representa “cerceamento ao trabalho da imprensa” e ameaça direta ao funcionamento democrático do Legislativo. As instituições afirmam ser ainda mais grave o fato de jornalistas terem sofrido agressões físicas enquanto registravam os acontecimentos dentro da Casa.

As entidades também manifestaram solidariedade a profissionais de imprensa e parlamentares que teriam sido alvos de violência policial durante a confusão. A nota compara a ação a práticas autoritárias da ditadura militar e afirma que não aceitará a normalização de ataques à imprensa e à democracia no Congresso Nacional.

“Não aceitamos a volta aos ataques à nossa democracia. Que todos condenados pela tentativa de golpe de Estado cumpram suas penas. Sem anistia”, concluem Fenaj e SJPDF.

 

 

Reportagem: Larisse Lopes

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