Haddad reage a tarifa de Trump:“Vamos sacrificar o Brasil por causa do Bolsonaro?”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou duramente a postura da família Bolsonaro diante do aumento de tarifas sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Em entrevista ao Estadão, publicada nesta quarta-feira (16), Haddad classificou como “falta de noção” a forma como aliados do ex-presidente estão lidando com a crise comercial.

“Nós vamos sacrificar o Brasil por causa do Bolsonaro? Ele que devia estar se sacrificando pelo Brasil”, afirmou o ministro.

Trump anunciou uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros e relacionou a medida, além de motivos comerciais, ao julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado, apoiou a medida norte-americana e condicionou a suspensão da tarifa à aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro — o que beneficiaria diretamente o ex-presidente. Jair Bolsonaro negou a exigência, mas disse ter o “poder de resolver o assunto” com Trump, embora esteja impedido de sair do país desde que teve seu passaporte apreendido na Operação Tempus Veritatis.

Haddad também criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por tentar articular individualmente uma solução com representantes dos EUA, o que o ministro classificou como um comportamento “abjeto” e “servil”.

“Quem é que vai fazer uma proposta em nome do Brasil? Qual dos 27 governadores? Não é melhor termos uma centralidade nas negociações?”, questionou Haddad.

O ministro ironizou ainda o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), lembrando da polêmica sobre a fiscalização do Pix em operações acima de R$ 5 mil, e associando a ação dos EUA à narrativa bolsonarista de perseguição fiscal.

Além do aumento tarifário, o governo Trump também abriu investigação contra o Brasil por práticas desleais de comércio, incluindo questionamentos ao Pix como instrumento financeiro.

“Um presidente de um país querer taxar o Pix de outro país? Vai realizar o sonho do Nikolas de taxar o Pix”, disse Haddad, em tom crítico.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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