Lula teme impacto do tarifaço dos EUA no Bolsa Família e na pobreza extrema

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acendeu um alerta diante dos possíveis efeitos econômicos do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, que pode afetar diretamente o programa Bolsa Família. A medida, anunciada por Donald Trump no último dia 9 de julho, impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e entra em vigor em 1º de agosto.

No Ministério do Desenvolvimento Social, o temor é que a medida impulsione a inflação de alimentos e provoque perda de empregos, obrigando o governo a aumentar o orçamento do Bolsa Família — tanto para reajustar o valor do benefício, quanto para atender a um possível crescimento no número de famílias em situação de vulnerabilidade.

Embora haja interesse em ampliar o valor do benefício por razões de justiça social, interlocutores do governo destacam que isso não deveria ocorrer por causa de uma deterioração nas condições de vida da população. O Executivo, inclusive, tem como meta reduzir o número de beneficiários por meio da elevação da renda das famílias.

Outro ponto de preocupação é o câmbio. A alta do dólar pode redefinir o piso para classificar a extrema pobreza — atualmente estabelecido em US$ 2,15 por dia. Com a valorização da moeda norte-americana, mais brasileiros podem ser enquadrados nessa faixa, ainda que suas condições reais de vida não tenham se deteriorado.

A situação preocupa o governo às vésperas de um ano eleitoral, pois pode gerar indicadores negativos de pobreza que afetem a imagem do país internacionalmente.

Esforços diplomáticos

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou nesta quinta-feira (24/7) ter se reunido com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para tratar do tema. A conversa ocorreu no último sábado (19/7) e, segundo Alckmin, foi positiva, embora mantida a portas fechadas. “Diálogo não é monólogo”, declarou o vice, reforçando que o Brasil está aberto à negociação.

O governo Lula reagiu com firmeza à medida, classificando-a como ideologicamente motivada, diante das críticas de Trump ao Judiciário brasileiro e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula tem reiterado que o Brasil responderá com base na Lei de Reciprocidade e que não aceitará pressões estrangeiras sobre suas instituições.

Fonte: Metrópoles

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