Em acareação realizada nesta terça-feira (24) no Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid reafirmou ter recebido uma sacola com dinheiro em espécie do general Braga Netto no Palácio da Alvorada, em Brasília. A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes e teve como objetivo confrontar as versões dos dois investigados sobre suposta movimentação de recursos para financiar uma tentativa de golpe de Estado.
Segundo Cid, o dinheiro foi entregue em uma embalagem de vinho lacrada, e ele estimou o valor pelo peso do pacote, embora afirme não ter conferido o conteúdo. O militar relatou que o episódio ocorreu dentro do Alvorada, possivelmente na garagem privativa, na sala da ajudância de ordens ou no estacionamento ao lado da piscina.
Braga Netto negou veementemente ter entregado dinheiro a Cid. Disse que apenas encaminhou ao então tesoureiro do PL, coronel Azevedo, um pedido de recursos feito por Cid, mas que a solicitação foi recusada. O general afirmou não ter providenciado nenhuma alternativa.
Apesar do confronto direto, as versões seguem contraditórias. Cid insistiu que Braga Netto conseguiu o dinheiro por outro meio e confirmou que o entregou pessoalmente no Alvorada.
Durante a acareação, a defesa de Braga Netto pediu que a sessão fosse gravada, mas o ministro Alexandre de Moraes indeferiu a solicitação, alegando proteção ao processo penal e prevenção de vazamentos. Moraes determinou que a ata do encontro será publicada nos autos.
A declaração de Cid já havia sido registrada em sua delação premiada, homologada por Moraes, que teve o sigilo derrubado na semana passada. No acordo com a Polícia Federal, Cid detalha episódios envolvendo tentativa de golpe, fraudes e movimentações financeiras ilegais. Em troca da colaboração, o militar busca benefícios penais, como redução de pena e possibilidade de regime mais brando.
Fonte: G1