O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou nesta terça-feira (9/9) os documentos encontrados no celular do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, que tratam de supostas fraudes nas eleições. Ao comentar o conteúdo, Moraes afirmou: “É uma espécie de diário: o meu querido diário”, referindo-se à alegação de Ramagem de que os arquivos eram pessoais e não foram compartilhados.
O ministro destacou que um dos documentos, intitulado “presidente TSE”, contém argumentos idênticos aos apresentados por Jair Bolsonaro em uma live que questionava o sistema eletrônico de votação. O material, segundo Moraes, reforça a tese de uma estrutura organizada para desacreditar a Justiça Eleitoral.
Além disso, Moraes mencionou que anotações do ex-ministro do GSI, Augusto Heleno — consideradas pela PGR como parte de uma “agenda golpista” — corroboram com os arquivos de Ramagem. Para o ministro, isso comprova “a estruturação criminosa para atentar contra o Poder Judiciário”.
Com o voto de Moraes, a Primeira Turma do STF retomou o julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por uma suposta trama golpista com objetivo de impedir a posse de Lula em 2022.
Durante interrogatório em junho, Ramagem negou ter compartilhado documentos sobre fraudes e reiterou que os arquivos encontrados eram pessoais, criados para seu próprio controle. Entre eles, estava um arquivo chamado “Bom dia, presidente”, que tratava da formação de um grupo para discutir a participação da Abin no Teste Público de Segurança das urnas eletrônicas, promovido pelo TSE.