Moraes reage a sanções dos EUA e garante julgamento de Bolsonaro ainda em 2025

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu com firmeza às sanções impostas pelos Estados Unidos contra ele e garantiu que o processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados seguirá sem atrasos ou interferências externas. A declaração foi feita nesta sexta-feira (1º), durante a sessão de abertura do Judiciário, após o recesso.

O rito processual não se adiantará nem se atrasará. Este relator vai ignorar as sanções e continuar os julgamentos, sempre de forma colegiada. Não nos acovardamos diante de ameaças, sejam daqui ou de qualquer outro lugar”, afirmou Moraes, em resposta direta à ordem executiva do ex-presidente Donald Trump, que aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro brasileiro.

Segundo Moraes, todos os réus do núcleo central da tentativa de golpe de Estado de 2022 serão julgados no segundo semestre de 2025, incluindo o próprio Bolsonaro e outros sete integrantes do chamado “núcleo 1”.

Avanço do processo contra o núcleo de Bolsonaro

A ação penal segue em ritmo avançado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid já apresentaram suas alegações finais. Agora, os demais réus têm até 13 de agosto para enviar suas manifestações. A etapa seguinte será o julgamento, previsto para setembro.

A PGR defendeu a condenação de todos os réus do núcleo principal e a redução dos benefícios de colaboração de Mauro Cid. As acusações incluem:

  • Organização criminosa armada

  • Tentativa de golpe de Estado

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Dano qualificado contra patrimônio da União

  • Deterioração de patrimônio tombado

Quem são os réus ao lado de Bolsonaro

O núcleo principal da suposta tentativa de golpe é composto por oito réus:

  • Jair Bolsonaro – acusado de liderar o plano para se manter no poder após perder as eleições

  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens e delator do caso

  • Walter Braga Netto – ex-ministro, preso por suposta obstrução de investigação

  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça, acusado de elaborar e guardar a minuta do golpe

  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa, teria apresentado proposta de intervenção

  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha, suspeito de apoiar militarmente a tentativa

  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI, acusado de disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral

  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin, apontado por envolvimento na propagação de fake news

Crise com os EUA

Na última quarta-feira (30), Trump assinou uma ordem executiva aplicando sanções a Moraes e seus familiares. A medida inclui suspensão de visto, restrições financeiras e acusa o STF de perseguir e censurar Bolsonaro — o que, segundo o governo americano, configuraria violações de direitos humanos. O episódio provocou reações no Brasil, sendo tratado como ingerência externa e ameaça à soberania.

Apesar do agravamento da crise diplomática, Moraes assegurou que o STF manterá sua independência institucional:

“O STF dará uma resposta final à sociedade. Não admitiremos interferência externa no Judiciário.”

Fonte: Metrópoles

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