O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). Com 67 anos, ele poderia permanecer na Corte até 2033, quando completaria 75 anos — idade-limite do funcionalismo público. No entanto, optou por encerrar sua trajetória no tribunal, após mais de uma década de atuação.
O anúncio foi feito no final da sessão plenária, em um discurso marcado pela emoção. Barroso chegou a interromper a fala algumas vezes para tomar água e conter a voz embargada. “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos, que nem sei se estão definidos. Não tenho qualquer apego ao poder”, afirmou. Ele destacou o desejo de se dedicar à literatura, à vida pessoal e à escrita de um livro de memórias.
Barroso negou qualquer relação de sua saída com a conjuntura política atual. “Há cerca de dois anos, comuniquei o presidente da República dessa intenção”, disse. Em sua fala, também declarou não carregar arrependimentos: “Estudei e refleti sobre a coisa certa a fazer. E fiz”.
Ao se despedir, relembrou os ataques antidemocráticos contra o STF e disse confiar no julgamento da história sobre o papel da Corte na defesa da democracia. “Deixo o tribunal com a consciência tranquila de quem cumpriu a missão da sua vida.”
Barroso também surpreendeu ao fazer elogios ao ministro Gilmar Mendes, com quem teve embates públicos no passado. “A vida nos afastou e nos aproximou”, disse. Gilmar respondeu: “Não guardo mágoas. O compromisso tem que ser com a instituição.”
Indicado ao STF pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso tomou posse em 2013. Relatou casos de grande repercussão, como a ação que restringiu o foro privilegiado e decisões durante a pandemia de Covid-19. À frente da presidência do STF, liderou iniciativas como a linguagem simples nas decisões judiciais e o incentivo à diversidade racial na magistratura.
A aposentadoria deve ser oficializada na próxima semana.
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